Velhas histórias

domingo, 16 de junho de 2024

QUEM É VOCÊ?

 


Uma vez me perguntaram o que faz você ser você. Qual a essência de uma pessoa? Até hoje não pensei e não achei uma resposta satisfatória. Gosto muito do mito de que a alma pesa 21 gramas. Já que o corpo e a mente são a armadura e o centro de comando, quer dizer que o que nós somos cabe em 21 gramas.

E por que não caberia? Toda sua informação genética está dentro de cromossomos, que estão dentro do núcleo, que está dentro de uma célula! Ou ainda, todo o universo observável tem a maior probabilidade de ter nascido de um único ponto!

Outra máxima que gosto de pensar e dizer é: sou um ser humano e como tal sou contraditório! Nela, não me eximo das consequências de minhas escolhas, mas deixa leve o fato de que mudar de opinião, de gosto ou simplesmente, deixar de estar num estado calmo e explodir, faz parte do ser “ser humano”. Não sei a razão, mas nunca vi alguém fixo, alguém eterno, portanto, pela negação ela faz sentido. Se tivesse um exemplinho qualquer que quebrasse a ideia dessa frase, certamente eu repensaria alguns valores.

Talvez misturar ciências exatas com ciências sociais dê um tom de amarelo gordinho.



sábado, 8 de junho de 2024

MORRE E DESMORRE


O Auto da Compadecida (filme), 2000, dirigido por Guel Arraes

 

Muitas vezes escutamos histórias de alguém que conhece alguém, que conhece alguém que fez uma coisa fantástica. Até você ver com seu olho, escutar com seu ouvido e farejar com seu nariz, toda essa aventura contada fica no campo da imaginação e num bom papo de bar.

Sala vermelha, senhorzinho tacou o terror no plantão noturno. Primeiramente, ele estava alocado no setor não crítico com proposta de alta no dia seguinte porque sua condição de saúde beirava melhor que a nossa. A noite, em sua última posa na enfermaria, o homem para – pra quem não é da saúde: o coração do homem simplesmente parou de bater – será que infartou? Será algum mal súbito? Ressuscita esse homem.

Pelos relatos, tentaram fazer a massagem cardíaca cerca de 6-7 vezes, mas aparentemente o homem parava de novo poucos segundos após voltar. Foi optado por deixar ele ir, só que esqueceram de combinar com esse tiozinho, porque ele voltava espontaneamente sem ninguém pôr a mão. Ele passava de pálido e imóvel, para corado, pulsudo e inclusive abria os olhos. E do mesmo jeito que voltava, ia. Mil eletros rodados, marca-passo e o diabo, e homem continuava morrendo e desmorrendo.

Chegaram a chamar os cabeças brancas, os mais novos, e ninguém sabia dizer o que se sucedia ali. Pensaram até na tal da síndrome de Lázaro, mas pela definição não encaixa bem nesse caso. E assim foi a manhã e a tarde do dia.

 Lá pra 16-17h, recebeu a visita de um neto e de uma filha. Só após a filha ir embora, o tiozinho decidiu que já tava bom de ver a luz e fugir da luz. Foi.

            Dessa vivência fiquei pensando em 3 pontos:

01)  Imagina as meninas da enfermagem indo arrumar o corpo e do nada o cara volta. Pensa o susto que elas devem ter levado.

02)  Já tinha escutado história de que muitas vezes a pessoa espera ver um ente querido para morrer de verdade, mas agora eu presenciei isso.

03)   Será que se ele conseguisse se comunicar, ele poderia dar alguma pista se tem ou não algo do lado de lá?