Caminhante Sobre o Mar de Névoa, Caspar David Friedrich, 1818
Dia
desses, larguei telas e sentei na varanda, numa cadeira de praia – companheira fiel
da minha casa e das viagens – pra olhar a rua, o céu, e deixar a cabeça pensar,
sem estímulos externos. Não coloquei música, não tinha propaganda de youtube,
não tinha a olhadinha no instagram. Só a paradeira da rua, do céu sem nuvens.
Meu
cachorro, ficou do meu lado, procurando os urubus com quem ele tanto briga, e
eles nem dão bola. Uma hora ele cansou, deitou no meu colo, e ficamos lá
olhando a vida parada, sem estímulo, só o barulho e a luz natural do dia.
Cheguei
a presenciar dois irmãos brincando de subir e andar em um muro alto, ninguém
caiu, ficaram muito orgulhosos pois passaram do medo, da provação e se sentiram
incríveis. Vi um grupinho de crianças/pré-adolescente descendo uma rua onde quase
não passam carros. No meio da descida, a menininha mais nova e o rapazote mais
novo param e quase de imediato começaram a dançar... os outros companheiros
continuaram descendo, nem se deram conta da bailada dos amigos.
Foi
uma apreciação curta, deu por volta de uns 40 minutos. No começo, minha cabeça
pensava nos problemas da vida, falta de dinheiro, se fiz as escolhas certas, se
eu caso ou compro uma bicicleta, mas aí vai divagando, vou focando em uma casa,
a mente vai ficando mais tranquila. Talvez isso seja um tipo de meditação.
Uma
vez, eu li que devíamos ficar pelo menos 2h em silêncio por dia. Enquanto
acordados. Dados esses estímulos constantes, não lembrei a última vez que
fiquei 20min em silêncio acordado. Se estamos a segundos da evolução da selva
para cidade, talvez a mente não tenha acompanhado a mesma velocidade do
estímulo, e talvez, um dia, isso venha a cobrar seu preço de alguma forma. Até
lá, a meditação talvez não seja uma má ideia.
