Velhas histórias

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

CADÊ O SILÊNCIO QUE MORAVA AQUI?

 

            Caminhante Sobre o Mar de Névoa, Caspar David Friedrich, 1818



Dia desses, larguei telas e sentei na varanda, numa cadeira de praia – companheira fiel da minha casa e das viagens – pra olhar a rua, o céu, e deixar a cabeça pensar, sem estímulos externos. Não coloquei música, não tinha propaganda de youtube, não tinha a olhadinha no instagram. Só a paradeira da rua, do céu sem nuvens.

Meu cachorro, ficou do meu lado, procurando os urubus com quem ele tanto briga, e eles nem dão bola. Uma hora ele cansou, deitou no meu colo, e ficamos lá olhando a vida parada, sem estímulo, só o barulho e a luz natural do dia.

Cheguei a presenciar dois irmãos brincando de subir e andar em um muro alto, ninguém caiu, ficaram muito orgulhosos pois passaram do medo, da provação e se sentiram incríveis. Vi um grupinho de crianças/pré-adolescente descendo uma rua onde quase não passam carros. No meio da descida, a menininha mais nova e o rapazote mais novo param e quase de imediato começaram a dançar... os outros companheiros continuaram descendo, nem se deram conta da bailada dos amigos.

Foi uma apreciação curta, deu por volta de uns 40 minutos. No começo, minha cabeça pensava nos problemas da vida, falta de dinheiro, se fiz as escolhas certas, se eu caso ou compro uma bicicleta, mas aí vai divagando, vou focando em uma casa, a mente vai ficando mais tranquila. Talvez isso seja um tipo de meditação.

Uma vez, eu li que devíamos ficar pelo menos 2h em silêncio por dia. Enquanto acordados. Dados esses estímulos constantes, não lembrei a última vez que fiquei 20min em silêncio acordado. Se estamos a segundos da evolução da selva para cidade, talvez a mente não tenha acompanhado a mesma velocidade do estímulo, e talvez, um dia, isso venha a cobrar seu preço de alguma forma. Até lá, a meditação talvez não seja uma má ideia.


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