Velhas histórias

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

O QUE VOCÊ ANDA GUARDANDO POR AÍ?

 

                            Edwin Thomas Roberts (1840-1917)

Dia desses, estávamos num mercado chamado Mart Minas, é uma espécie de Atacadão daqui. Galpão grande típico, corredores largos, caixas pra todos os lados, tem até aqueles carrinhos desproporcionais difíceis de pilotar.

Durante as compras - abro um parêntese aqui: lá tem um ketchup da Heinz gigante por R$ 13,00, são 1,3kg de ketchup, bom demais, dá pra pôr na pizza, nos lanches, no arroz e ainda sobra. - Notei uma família: papai, mamãe, filha (uma criança de uns 7-8 anos) e 1 filha bebê.

Estavam com o uniforme de crente, o pai com camisa e calça social e chinelas (afinal tava calor), a mãe com a famosa saia jeans, cabelo longo e solto, além da blusinha de manguinha mais curta e a fedida da melissa. As crianças, duas menininhas, com vestidinhos bonitos.

Enquanto eu estava lá, imóvel, à espera da Pri pegar as coisas, como um bom segurança de carrinho de supermercado - já imaginou depois que você pegou quase tudo o que precisa, vem alguém por pura maldade e some com seu carrinho. Ser cruel. - Fiquei notando a relação da mãe com a filha.

A mãe falava muito alto, estávamos perto do setor das frutas e legumes, a criança com seus 8 anos estava bem próxima a ela. A mulher dizia repetidas vezes " você tem que ficar perto de mim!", "já não mandei você não desgrudar daqui?!" "que que eu tô falando pra você? hein! Me responde!". 

O tom, a cena em si, parecia que a mãe simplesmente queria fazer a menina chorar; mas de uma forma gratuita, sabe... tinha um "q" de frustração na mãe que parecia muito que ela queria despejar uma raiva acumulada na criança. A mocinha ficou lá parada, colada no carrinho, olhando para mãe, com semblante de pavor, dava para ver que ela não conseguia se mexer; uma estátua que queria ruir, uma estátua obedecendo um vínculo de autoridade no qual gera um sentimento confuso de " essa pessoa me protege, mas ao mesmo tempo está me fazendo mal..." @DIMAS como proceder?

E toda essa cena se estendeu por bons minutos, minutos curtos para mim, astronômicos para a criança... talvez mais um pontinho na cartela de traumas que se acumulam durante a vida. 

Penso que não tem uma justificativa para dar tal atitude, mesmo que a menina tenha dado uma volta sozinha no corredor de doces.



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